Em
primeiro lugar, para o candidato despreparado não há prova simples, porque é
preciso ter conhecimento sobre os assuntos abordados, que costumam ser bastante
específicos e não de domínio comum.
Podemos
considerar provas mais simples aquelas com enunciados mais curtos e objetivos e
com opções de respostas seguindo essa mesma linha. No que se refere às
disciplinas de direito, são priorizadas as leis, cobradas de forma literal, o
que termina privilegiando a memorização, em lugar do entendimento.
Já
as provas mais difíceis, não só em razão do número de disciplinas e
profundidade dos conteúdos que poderão ser cobrados, exigem uma real
compreensão dos assuntos, e muitas vezes pode ser cobrada a análise de casos
concretos. Em muitas situações é preciso conhecer posições doutrinárias e
jurisprudência. Além disso, a própria apresentação das questões pode ser
complexa, e o candidato precisa ter cuidado na interpretação do que está, de
fato, sendo pedido.
Pelo
acima exposto, poderíamos considerar que as ditas provas “fáceis” deveriam ser
preferidas por todos, mas não é esse o caso. Isso porque uma prova mais simples
coloca os candidatos muito bem preparados praticamente em nível de igualdade
com aqueles que têm um conhecimento ainda superficial, retirando daqueles a
vantagem sobre esses. O inverso, sim, acontece. Provas simples são ideais para
quem tem pouco tempo de preparação, porque permitem ao candidato menos
experiente concorrer com chances de aprovação. Por outro lado, em razão do
relativo nivelamento dos candidatos, também nesse tipo de prova é preciso muita
atenção, já que apenas uma questão errada pode colocar o candidato fora das
vagas.
Perfil
das bancas
O
curioso é que as características da banca são mais determinantes para o estilo
da prova que o candidato deverá enfrentar do que o tipo de concurso. Assim,
bancas que têm perfil de questões mais simples e diretas, mesmo quando elaboram
provas de nível superior para concursos que cobram muitas disciplinas, mantêm a
essência de seu perfil, resultando em provas menos complexas.
Por
outro lado, bancas que tradicionalmente elaboram provas que exigem mais
raciocínio e interpretação, mesmo quando organizam concursos de nível médio
para cargos que não exigem tanta variedade de conhecimento, deixam a sua marca,
e o resultado são provas mais refinadas.
Apesar
disso, existe uma gradação na complexidade/simplicidade das questões de acordo
com o nível de escolaridade e perfil de concurso.
Como
ficar bem preparado
Para
qualquer estilo de prova, a indicação é sempre resolver muitas provas de
concursos anteriores da mesma banca examinadora, para o mesmo nível de
escolaridade e, se possível, para o mesmo perfil de concurso.
Cada
banca tem um estilo próprio de questões e, não raro, apresenta preferência por
determinados assuntos. Se o candidato efetivamente resolver muitas questões,
terá condições de ficar muito bem familiarizado com o estilo da banca – seja
ele simples ou complexo – e evitará a sensação de que pode ter uma pegadinha
oculta (no caso de provas “fáceis”) ou a surpresa com a profundidade da
cobrança (nas provas “difíceis”).
O
candidato realmente bem preparado chega ao ponto de reconhecer as questões
quando começa a resolvê-las, porque é comum que as bancas repitam as mesmas
estruturas de questão, com pequenas alterações. Por isso é tão importante a
resolução exaustiva de provas de concursos anteriores.
Provas
'fáceis'
As
questões de português cobram o conhecimento de forma mais direta, por meio da
substituição de expressões ou solicitando que o candidato complete as lacunas
apresentadas com a forma correta.
As
questões de direito cobram conteúdos mais literais, principalmente no que se
refere a legislações. Infelizmente, nesse caso é importante memorizar a
legislação, porque pode haver questões em que o texto da lei sofre uma pequena
alteração (inclusão, exclusão ou alteração de uma palavra ou expressão) e o
candidato precisará reconhecer a alternativa em que o texto está correto. Não
prioriza a compreensão profunda do conteúdo.
Esse
tipo de prova é cada vez menos comum, em razão da evolução dos concursos
públicos. Mas bancas menores, tais como bancas municipais, ainda tendem a
elaborar provas bastante simples e objetivas, com cobrança de literalidade de
leis.
Provas
'difíceis'
Nas
questões de português, muitas vezes são apresentados textos longos. Nesse caso,
pode ser interessante que o candidato primeiro leia as perguntas, para já saber
o que será cobrado do texto e direcionar melhor a leitura. Essa disciplina não
deverá ser deixada por último, exatamente por ser cansativa. Mas também não
deve ser logo a primeira, caso o candidato não tenha muito domínio da mesma, já
que os primeiros minutos de prova normalmente são aqueles em que o candidato
está muito nervoso, o que dificulta o entendimento dos enunciados.
Com
relação às disciplinas de direito, exigem que o candidato tenha conhecimento
profundo e que seja capaz de fazer inferências, com análise de casos, por
exemplo. Além disso, o candidato deve conhecer doutrina e jurisprudência, não
se restringindo apenas ao texto das leis.
É
importante conhecer a posição da banca com relação aos assuntos polêmicos para
que o candidato saiba o que será considerado correto. Isso porque as bancas
podem divergir em relação a assuntos controversos, e não costumam aceitar
recursos contra o gabarito nesses casos.
Veja
a seguir uma breve análise do perfil das principais bancas:
Cespe/UnB
Tem
perfil de elaborar questões mais complexas e bem elaboradas, muitas vezes de
forma multidisciplinar (abordando temas de mais de uma matéria). Cobra
conhecimento de doutrina e jurisprudência. Suas provas, em geral, apresentam
itens para julgamento (estilo certo e errado), com desconto de pontos para
marcações incorretas; por esse motivo, é importante ter cautela em caso de
dúvida – nem sempre vale a pena arriscar o chute. Também pode elaborar provas
de múltipla escolha – isso estará definido no edital. Organiza os concursos
para a Polícia Federal, Instituto Rio Branco, agências reguladoras, ministérios
e alguns tribunais.
Esaf
Costuma
apresentar questões elaboradas, por vezes com enunciados longos, que exigem do
candidato atenção e raciocínio. As questões das disciplinas de exatas tendem a
ser bastante trabalhosas. É necessário conhecimento de doutrina e
jurisprudência para as questões de direito. Tradicionalmente organiza os
concursos da Receita Federal e Ministério da Fazenda.
FGV
A
banca apresenta questões que exigem não só profundo conhecimento dos assuntos,
mas boa interpretação na hora da prova. É necessário conhecimento de doutrina e
jurisprudência para as questões de direito. Realizou todos os concursos
recentes para auditor fiscal do RJ (ICMS-RJ). O grau de dificuldade costuma ser
tão elevado que o candidato deve se preocupar em obter a pontuação mínima em
todas as disciplinas; desta forma terá grandes probabilidades de ficar dentro das
vagas. Assim, é mais importante ter uma preparação razoável em todas as
matérias do que muito boa em algumas e correr o risco de ser eliminado em
outras.
FCC
A
banca FCC dá preferência a enunciados mais curtos e questões mais objetivas. As
questões das disciplinas de direito em alguns casos tendem à literalidade,
embora isso esteja mudando e já se encontrem questões que cobrem doutrina e/ou
jurisprudência, mesmo que de forma mais superficial. É responsável por
organizar muitos concursos para tribunais.
Fundação
Cesgranrio
Elabora
provas com questões mais objetivas e enunciados mais diretos. Tradicionalmente
organiza os concursos para a Petrobras e suas subsidiárias, BNDES, e outros
concursos de grande porte.
Fonte:
G1/Lia Salgado
Muito bom texto. Parabéns.
ResponderExcluirProva disto, Dr. CLT, foi o que houve no TJ PA aqui. A prova da VUNESP foi considerada pela maioria dos candidatos como uma prova "fácil". Das 70 questões, acertei 59 (aproveitamento: 83% de acertos), o que me deixou lá entre os 600º colocados... cada questão que eu errei foi como uma catapulta que me lançava para trás, bem para trás mesmo, distante da vagas anunciadas. Acredito que se fosse numa prova a nível ESAF, FCC ou CESPE, esse aproveitamento teria me deixado dentro do nº de vagas ofertadas (25 vagas).... :(
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